Luto

A dor da perda nos é tão forte que uma das primeiras reações é a descrença do ocorrido; a negação da morte é muito comum neste momento e recebe o nome de entorpecimento. Em geral, este entorpecimento só́ tem fim com a visão do corpo ou algo que concretize a morte ocorrida. E não raro evitamos esse momento, como a desculpa de que é muito mórbido ou algo similar. Mas nossa psique precisa da concretude da finitude expressa no corpo estático. Se assim não fosse, como entenderíamos a necessidade de resgate de corpos de tragédias, mesmo quando o feito implica em grandes dificuldades e gastos expressivos. Não só precisamos garantir a dignidade de enterrar nosso ente querido, algo sagrado e de alto valor moral desde os gregos, mas também integrar a perda daquele que amamos e de que teremos que recolocar em nossa vida de um outra forma.

Mas, a existência é formada de polaridades, e é justamente na tensão destas que nossa vida acontece. Exatamente por isso, pensar na perda também é uma forma de amenizar a dor vivenciada. Sempre afirmo que não há modo certo de elaborar todas as questões que envolvem o luto. Sim, não pensar na perda, em uma doença grave, no envelhecimento ou agonia de um ente querido é uma defesa, e talvez a mais comum hoje. Aliás, como todas as defesas, essa também possui uma função, pois a negação da perda oferece a oportunidade de se preparar para continuar vivendo sem o outro. A grande questão é que a negação nos permite nos preparar para enfrentar a perda, mas também nos fornece um excelente esconderijo - uma zona de conforto.

Começar já é a mudança!

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